Por que o dia 20 de Novembro é denominado dia da Consciência Negra?

Dia da Consciência Negra

20 de novembro é um dia para refletirmos sobre as lutas, força e resistência da população negra. O dia faz referência à morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, em 1695. Há décadas esse dia é celebrado por ativistas do Movimento Negro brasileiro. Em 2011, através da Lei nº 12.519/2011, foi instituído oficialmente como dia de Zumbi e da Consciência Negra, dia de luta e resistência de um povo que representa aproximadamente 54% da população brasileira.

É uma data de luta! Luta pela libertação do nosso povo, pela superação das desigualdades e para dar cada vez mais visibilidade a essas situações de racismo que se apresentam na nossa sociedade. E para denunciar as opressões ainda constantes nas relações sociais, econômicas, institucionais, políticas.

Dia de questionar até quando nossos corpos pretos serão abatidos, mortos. Até quando nossos corpos estarão sob a iminência da morte a todo instante. Até quando nossos corpos serão corpos matáveis. Questões que nos levam a pensar sobre a criminalização e a exposição cotidiana do nosso povo à morte pelas mãos do Estado por intermédio do aparato policial, com o discurso falacioso da guerra às drogas ou até mesmo qualquer outro discurso que possua como objetivo a “defesa” da sociedade. Mata jovens negros, ignorando todos os tipos de crueldade exercidos sobre essa camada da sociedade. Não é à toa que no ano de 2020, na véspera do dia da Consciência Negra, nos deparamos com mais um quadro de brutalidade: dois seguranças brancos de uma loja do Carrefour em Porto Alegre espancaram João Alberto Silveira, homem negro, até à morte. Essa barbárie, essa brutalidade do racismo estrutural, segue destruindo nossas vidas. O racismo mata!

Portanto, é um dia de ação, reflexão e muita emoção. Dia de celebrar as histórias de resistência do povo negro, mas também o dia de apontarmos e denunciarmos toda e qualquer forma de racismo. Dia de rememorar e saudar aquelas e aqueles que nos antecederam. Salve os nossos ancestrais! Salve aqueles que, nos espaços de formação, carregam a causa antirracista do meu povo! Esta é uma luta que precisa ser travada todos os dias para o enfrentamento do racismo estrutural entranhado na nossa sociedade.

Termino com Conceição Evaristo e seu poema “Recordar é preciso”:

“O mar vagueia onduloso sob os meus pensamentos
A memória bravia lança o leme:
Recordar é preciso.
O movimento vaivém nas águas-lembranças
dos meus marejados olhos transborda-me a vida,
salgando-me o rosto e o gosto.
Sou eternamente náufraga,
mas os fundos oceanos não me amedrontam
e nem me imobilizam.
Uma paixão profunda é a boia que me emerge.
Sei que o mistério subsiste além das águas”.

Texto: Juliane Souza – Equipe IDI

Imagem: Getty Image